segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O AMIGO DA ONÇA







































Estêvão continuou
O alcoolismo foi outro problema constante que afectou a sua vida conjugal, acabando por destruir o seu casamento. Na noite de Ano Novo de 1961, suicidou-se. O seu amigo Carlos Estêvão foi encarregado pela revista de dar continuidade a O Amigo da Onça, mantendo sempre ao lado da sua assinatura a nota: "Uma criação imortal de Péricles».
Nota da Redacção: A foto usada nos dois cartoons retrata o próprio Péricles Maranhão.
«A mais importante personagem da história do humor gráfico brasileiro do século XX é, sem dúvida, O Amigo da Onça, criado por Péricles de Andrade Maranhão, desenhador pernambucano nascido na cidade do Recife em 1924. A expressão "amigo da onça" provém de uma anedota popular na qual dois amigos se encontram e começam a falar de caça. O primeiro pergunta:
- Compadre, se estivesses na selva e te aparecesse uma onça, o que farias?
- Pegava na minha carabina e disparava um balázio.
- Mas, se não tivesses carabina?
- Utilizaria a minha pistola
- E se não tivesses pistola?
- Usaria uma navalha
- Mas, e se não tivesses navalha?
- Trepava para cima de uma árvore.
- E se não tivesses uma árvore perto?
- Um momento, compadre...! Tu és meu amigo ou és amigo da onça?
Como surgiu o cartoonLeão Gondim de Oliveira era director da revista O Cruzeiro no final dos anos quarenta e teve a ideia de criar uma personagem similar ao argentino Enemigo del Hombre, titulada O Amigo da Onça.
Leão promoveu um concurso interno entre os desenhadores da revista que dirigia e os de outras publicações como A Cigarra.
O vencedor do concurso foi um jovem desenhador que já tinha publicado historietas da personagem Oliveira o Trapalhão na Cigarra.
Com a nova personagem de grandes olhos, bigode e roupa de bon vivant, Péricles converteu-se subitamente no desenhador humorístico mais famoso do país, com apenas 19 anos de idade.
O Amigo da Onça representava um humor simples, quase naïf, mas o traço era de um perfeccionismo absoluto. A linha clara de Péricles e o colorido aplicado ao desenho, que semanalmente preenchia uma página, foram um êxito imediato.
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Ser feliz com a desgraça dos outros
O protagonista estava sempre a colocar alguém em situação difícil, mas saía sempre airosamente. A desgraça dos outros era a sua felicidade.
O êxito do Amigo da Onça foi absoluto em todo o Brasil: máscaras de carnaval, bonequitos e reproduçõoes diversas apareciam em todas as casas e em todos os locais, embora Péricles nada recebesse por isso.
Na sua vida pessoal, o artista não era propriamente feliz. Alcançou o êxito muito cedo, quando era pouco mais do que um menino que abandonara o Recife para tentar a sua sorte no Rio de Janeiro, depois de vencer um concurso de desenhos para cartazes do departamento de trânsito da sua cidade. Como não tinha obtido nenhum curso superior, a sua educação era incompleta e isso, provavelmente, fá-lo-ia sentir-se inferior aos outros jornalistas de O Cruzeiro. Procurava sempre a companhia da gente do povo, não a dos intelectuais ou dos literatos.